quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A NOSSA VULNERABILIDADE É REFLEXO DO NOSSO POUCO CUIDADO COM O AMBIENTE



Meio Dia Sépa Yé Co presidente da ODZH "organização para a defesa e desenvolvimento das Zonas Húmidas expressa sua indignação com o comportamento do Homem com a natureza e disse o seguinde no

POTE D'ÁGUA D'ODZH

O CECI e a UICN haviam colaborado com a Direção-geral das Florestas e Caça (DGFC), hoje denominado pela revisão da Lei florestal de 2011, Direção-geral das Florestas e Fauna (DGFF), desde 1988. A UICN ainda está no país e contribuiu e contribui imensamente na criação e consolidação de capacidades das instituições nacionais estatais e de sociedade civil, visando promover a cultura de cidadania ambiental pró desenvolvimento sustentável.

Criaram-se instituições e organizações ambientalistas sólidas. Todavia, até hoje, passados 20 anos, não se conseguiu atingir o objetivo específico derivado deste esforço estratégico: a efetivação da cultura de cidadania ambiental no país. No geral deste tempo todo, nem se quer conseguimos saber quem somos e quais riquezas possuímos, e como valorizá-las.
Justamente, ao virar da esquina, de Bissau a Varela, de Bissau a Buruntuma e Boé e de Bissau a Cassumba e Unhocomo, encontramos cidadãos ilustres a transformar a natureza em um elemento nocivo a sua própria existência, quando fazem tudo para destruir as zonas húmidas, as florestas e a biodiversidade associada a esses ecossistemas únicos do país e da região. Esse esforço de alguns ilustres cidadãos em destruir a natureza e os recursos pode ter impactes catastróficos para as populações rurais e para as cidades, Bissau principalmente.
Na década de 90 do século passado a Guiné-Bissau, segundo dados do IPCC era o 12º país mais vulnerável do mundo. Em 2018 essa avaliação aponta o nosso país como o 2º mais vulnerável às mudanças climáticas. Os cientistas deste grupo estão alertando as autoridades nacionais de vários países em várias latitudes e essencialmente as nossas para um fato real – o clima já não é o que era, e devemos nos prevenir e estarmos preparados para enfrentar fenómenos nunca antes vistos em muitas zonas do globo. Bissau com os seus cerca de 600000 habitantes pode vir ocasionalmente a confrontar-se com situações de calamidade natural.
Um país plano como o nosso, em que o mar penetra até 150 km para o interior continental devia tomar consciência da sua condição natural desfavorável perante às mudanças do clima para assim poder desenvolver estratégias de mitigação dos riscos. Nunca teremos capacidade para enfrentar situações de emergência, estando perante uma catástrofe natural efetiva.
Com as chuvas e vento do dia 27 de junho de 2018 e dos dias 5, 6 e 7 de agosto, as populações de Bissau viveram uma situação de pânico em certas zonas. Houve danos materiais avultados que o próprio Estado não está em condições de contabilizar e as vidas humanas perdidas tragicamente são condicionantes para criarmos um sistema de alerta precoce e de prevenção à destruição das florestas e zonas húmidas existentes, por serem elementos naturais que contribuem para nos defender, protegendo-nos dos ventos, servindo-se de reservatórios para o caso de inundação, filtrando a água, reciclando os poluentes e protegendo as nossas costas.
O modelo de desenvolvimento que se assente em enriquecimento rápido sem olhar a meios, destruindo as nossas florestas, as nossas zonas húmidas, os mangais e a relação secular entre a cultura e a natureza é desastroso para a Guiné-Bissau.
O Eixo Biodiversidade e Capital Natural consubstanciado no quadro do Programa Operacional Terra Ranka e a sua Matriz de Resultados e Indicadores integrados e alinhados com Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, Agenda 2063, Roteiro de Samoa e a Avaliação de Fragilidade validado à 6 de Julho de 2018 deve ter uma percepção clara da vantagem comparativa que a Guiné-Bissau pode apresentar, quando valoriza os seus recursos biológicos, aliando a conservação à exploração sustentável dos mesmos.

fonte: 

POTE D'ÁGUA D'ODZH

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