quinta-feira, 20 de julho de 2017

A RAZÃO DA NOSSA CANDIDATURA.

Contexto ambiental da Guinée-Bissau

A República da Guiné-Bissau situa-se na costa ocidental da África, e tem uma superfície de 36.125 km2. Faz fronteira a norte com a República do Senegal e a leste e sul com a República da Guiné e é banhado pelo oceano Atlântico a oeste.


O país abrange duas áreas físico-geográficas, uma continental e outra insular. A segunda inclui o Arquipélago dos Bijagós, com 10.000 Km2 e composto por 88 ilhas e ilhéus, das quais somente 21 são habitadas, e outras 20 são sujeitas a uma ocupação temporária no quadro da cultura do arroz "pam-pam" e de actividades culturais. Esta zona caracteriza-se por ter uma profundidade inferior a 10m, a existência de bancos de areia e vasas, de canais rasos ou profundos, mangais e de diferentes correntes que jogam um papel significativo no que concerne a riqueza e a diversidade do meio aquático.  

O clima em geral, é tropical húmido com duas estações, uma das chuvas que vai de Maio a Outubro e outra seca que vai de Novembro a Abril. A temperatura anual sob a influência dos ventos alísios varia entre 24 a 27º C. Quanto aos níveis de precipitação regista-se uma variação anual média de 1500 mm a 2500 mm.
Em termos sociais, a Guiné-Bissau tem uma população atual de 1.600.000 habitantes (Fonte: RDH, 2012) e uma densidade populacional de 44 hab/km2. Cerca de 70 % da população vive no meio rural.
A exploração dos recursos naturais constitui a base da economia do país. A economia da Guiné-Bissau depende muito das exportações de produtos oriundos da agricultura e floresta como o caju e a madeira, e dos produtos da pesca. Dos recursos florestais é produzido basicamente a energia utilizada na Guiné-Bissau, os materiais de construção e os medicamentos. Da exploração dos recursos da pesca, é garantida essencialmente o consumo de proteínas das populações.
Progressos da Guiné-Bissau no domínio da conservação da Biodiversidade
Do ponto de vista ambiental, a Guiné-Bissau funciona como tampão climático e representa uma barreira à expansão da desertificação saheliano em direção aos países da sub-região localizados ao sul. Os diferentes biomas estão representados na Guiné-Bissau: ecossistemas costeiros, florestais e zonas húmidas de importância nacional e internacional. Os habitats abrigam uma variedade de espécies raras, vulneráveis e/ou ameaçadas de extinção à escala nacional e planetária. Nas savanas e florestas, são observadas espécies emblemáticas, como os chimpanzés, os búfalos, os antílopes e várias espécies de macacos e em algumas zonas ainda ocorrem elefantes que fazem a transumância entre a Guiné-Bissau e a República da Guiné.
A zona intertidal do Arquipélago dos Bijagós, nomeadamente os bancos de areias descobertos nas marés baixas, alimenta anualmente cerca de 1.000.000 limícolas invernantes. Esta zona insular é considerada como sendo a segunda zona húmida mais importante de aves migradoras o nível da costa ocidental africana.
Para fazer face às diferentes pressões e ameaças e garantir a conservação da diversidade biológica no meio natural e promover um desenvolvimento sustentavel, acções de particular relevância têm sido realizadas pelo Governo da Guiné-Bissau, com a criação do Sistema Nacional de Áreas Protegidas (SNAP), nos anos 90, onde o princípio da implicação da população e gestão participativa foram tomadas em consideração. Um exemplo concreto nas áreas protegidas da Guiné-Bissau as populações locais mantêm dentro do seu perímetro e participam em colaboração com os gestores das áreas protegidas na gestão dos seus recursos naturais.
O SNAP é representado por 8 áreas protegidas oficialmente designadas cobrindo cerca de 26,2% da superficie do país, tem em conta as diferentes unidades biogeográficas representativas dos ecossistemas naturais e da diversidade biológica da Guiné-Bissau (meio marinho, terrestre, zonas húmidas, mangais). Existe também uma RBABB, classificada em 1996 pela UNESCO como Reserva da Biosfera e reconhecido como um dos 4 sitios RAMSAR do país.
A maior parte das áreas protegidas da Guiné-Bissau, possuem não só uma importância nacional, mas também regional e internacional. O Parque Nacional Marinho de João Vieira e Poilão, é o sitio mais importante de desova das tartarugas verdes (Chelonia mydas). O Parque dos Mangais do Rio Cacheu é a área de maior concentração dos mangais na África Ocidental, é a zona de reprodução e criação de camarões por excelência. O Parque Natural das Lagoas de Cufada, é o sítio Ramsar, zonas húmidas de importância internacional, é um biotopo preferido por aves aquáticas, residentes e migradoras. O Parque Nacional de Orango é o sítio onde se concentra a maior diversidade biológica do Arquipélago, com espécies raras e em extinção. Ela abriga a única espécie de Hipopótamo a viver na água salgada de toda a costa ocidental africana. A Reserva de Biosfera do Arquipélago dos Bijagós, no quadro da eco-região marinha do “upwelling” saheliano oeste africana (WAMER) é considerado um dos sítios de importância mundial, pela sua particularidade natural e cultural. É uma das zonas mais importante e rica em biodiversidade na costa atlântica africana.
Para conferir sustentabilidade e perenidade aos mecanismos de financiamento durável das AP’s e da biodiversidade e a promoção do Desenvolvimento Social das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau, decidiu-se pela criação da Fundação BioGuiné, uma Fundação privada de utilidade pública, apolítica e apartidária. Ela tem por finalidade catalizar acções estratégicas em prol da conservação e uso durável da biodiversidade na Guiné Bissau.
Programa de Educação Ambiental na Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau desenvolve há vários anos acções no domínio da educação, formação e sensibilização do público, no quadro de um programa criado nos anos 80 e que visam educar e formar as comunidades, sobretudos rurais sobre o impacto sobre o ambiente da utilização anárquica e não planificada dos recursos naturais. No início começou porconcentrar-se sobre temas específicos tais como: a gestão costeira, a luta contra a desertificação, utilização racional do património florestal, a gestão e valorização dos recursos da biodiversidade, espécies com estatutos de protecção, entre outros.
Para esse efeito, os instrumentos utilizados foram os boletins de informação, as rádios comunitárias, como uma extensa rede nacional actualmente composta de cerca de 30 rádios nas diferentes regiões do país e o cinéma-debate. As ONG começaram a adoptar essa filosofia, tendo desenvolvidos outros instrumentos como, o boletim “Palmeirinha”, “Matu Malgós” (floresta sagrada) Noticias da Planificação Costeira, vulgarização rural sobre as queimadas e as Escolas de Verificação Ambiental (EVA), inseridos no quadro do Programa de Educação e Comunicação Ambiental (PECA) ou nos programas de educação ambiental de várias ONG’s Constatou-se, uma maior sensibilização dos actores e maior facilidade de comunicação com as comunidades de base, uma mudança de comportamentos e de hábitos dos grupos-alvo implicados nas acções de conservação da biodiversidade e na gestão dos recursos naturais e enfim na melhoria das condições de vida das populações que beneficiam dos programas educativos realizados pelas rádios comunitárias.
Na perspetiva de uma educação para todos num ambiente de desenvolvimento durável o Ministério de Educação através do INDE (Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação) e fez passar a lei do sistema educativo de 2011 que introduz a educação ambiental nas curricula escolares.
Neste âmbito, um grande sucesso, é que atualmente a Guiné-Bissau dirige o Programa Regional de Educação Ambiental - PREE que cobre um conjunto de países da África Ocidental.
Condições favoráveis para acolher o V Fórum EA na Guiné-Bissau
Considerando todos os pontos supracitados e tendo em conta a sua expertise nesta matéria, a Guiné-Bissau apresenta condições favoráveis para acolher o V Fórum de Educação Ambiental.
O país propõe organizar este evento na Ilha de Bubaque, ilha central do Arquipélago de Bolama Bijagós, com condições técnicas e logísticas para acolher um número importante de participantes.
Tendo em consideração que o Arquipélago dos Bijagós é uma reserva de biosfera e para alem disso foi proposto a sítio de Património Mundial de Humanidade, ela caracteriza-se por ter as lindas paisagens, e contando igualmente com as três (3) Áreas Marinhas Protegidas, comunidades humanas e instituições que trabalham na área de educação ambiental, permitindo assim de intercambiar experiências para o efetivo sucesso deste evento.


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