sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Face as sinergias negativas de tal envergadura, é urgente reagir, questionando-se sobre que modelo de desenvolvimento o país pode promover para projetar um futuro que responda, de forma durável, às aspirações dos seus filhos. - Pierre Campredon in- Guia de Boas Práticas na Gestão dos Recursos Naturais na Guiné-Bissau

 A Guiné-Bissau situa-se numa zona geográfica de transição, beneficiando de condições climáticas favoráveis, e é caracterizada por ecossistemas de grande diversidade: meios insulares, estuários ladeados de mangal, zonas húmidas, savanas, florestas secas e sub-húmidas que produzem recursos naturais ainda abundantes e diversos. Estes recursos, incluindo os recursos hídricos e os solos, desempenham um papel primordial na economia do país e moldaram os modos de vida dos seus habitantes que desenvolveram, ao longo do tempo, profundos conhecimentos sobre os meios naturais que estão no território das suas tabancas.


Esta grande riqueza de recursos e de saberes é paradoxal num país que é considerado como sendo um dos mais pobres do mundo. Efectivamente, as sociedades tradicionais mantiveram relações de equilíbrio com o seu meio ambiente, enquanto evoluíram no quadro de uma economia de subsistência. Tais relações caracterizavam-se por uma exploração moderada e diversificada dos recursos naturais num espaço geográfico definido, regido por regras de acesso e uso bem definidas e controladas por uma organização social capaz de as fazer respeitar, ou de arbitrar eventuais conflitos. Regras e coesão social tradicionais que, entretanto, foram sendo abaladas sob a influência da colonização e, mais tarde, com a instalação da economia baseada no dinheiro e da globalização. Os recursos naturais passaram a ser também (e sobretudo) explorados para fins comerciais, com o apoio de tecnologias mais agressivas e eficazes e de redes de comercialização organizadas. Este desenvolvimento, por si só, poderia ser sustentável se a capacidades de regeneração dos recursos fossem respeitadas. Mas a força combinada das necessidades económicas e de um crescimento populacional que se situa entre os mais altos no mundo, obriga-nos a fazer esta constatação: os meios naturais estão a degradar-se e os recursos naturais estão a esgotar-se a um ritmo alarmante. 6 Uma constatação agravada ainda mais pelos impactos das mudanças climáticas, face aos quais a Guiné-Bissau é considerada como um dos países mais vulneráveis do mundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário