terça-feira, 27 de dezembro de 2022

​Miguel de Barros defende introdução de questões ambientais nos currículos escolares em Cabo Verde

A mobilização para o combate às alterações climáticas, em Cabo Verde, deve começar nas escolas, com a introdução de questões ambientais nos currículos. A ideia é gerar consciência ambienta.

Em entrevista concedida à Rádio Morabeza, em Abidjan, capital económica da Costa do Marfim, o director-executivo da organização não governamental guineense, Tiniguena, Miguel de Barros, diz que a escola é um elemento determinante num momento em que as mudanças climáticas constituem uma grande ameaça global.

“O sistema de ensino deve incorporar todos os elementos de formação que permitam a disseminação de conteúdos, desde tenra idade para que depois, nessa transição, seja possível, por exemplo, ligar a gestão da seca à questão do sistema produtivo e isso possa levar a uma maior capacidade de rentabilizar aquilo que a terra pode dar”, defende.

“Acho que a escola é um elemento determinante, assim como o mercado, porque não é o mercado que determina o nosso consumo, mas os valores associados ao conhecimento que temos”, complementa.

Por outro lado, o activista entende que há necessidade de maior formação da sociedade cabo-verdiana para uma melhor compreensão de questões ligadas aos oceanos. Miguel de Barros lembra que ao Governo cabe a responsabilidade de definir políticas públicas, mecanismos de acesso ao financiamento e, ao mesmo tempo, articular para gerar um ecossistema que permita enfrentar as mudanças climáticas a partir de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.

“Para que isso aconteça, o papel dos movimentos sociais é fundamental em termos de pressionar o próprio Estado e de serem proponentes de políticas públicas mais assertivas que vão ao encontro, não só das suas expectativas, mas também das suas capacidades. Numa perspectiva mais ampla da sociedade civil, tem que haver um olhar muito mais direccionado sobre como é que a comunicação social pode desempenhar esse papel, não sendo só enquanto um actor que é chamado para difundir conteúdos, mas um actor que entra na concepção dessas políticas de uma forma participativa”, realça.

Miguel de Barros acredita que Cabo Verde poderá chegar a um nível de concertação social entre o Estado, sector privado, ONG comunicação social, associações profissionais e comunitárias e conseguir chegar a uma capacidade de maior gestão dos eventos severos.

As consequências das mudanças climáticas incluem secas intensas, escassez de água, incêndios severos, aumento do nível do mar, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades, declínio da biodiversidade, entre outras. A universalização da compreensão dos riscos impostos pela mudança do clima e uma consciencialização social sobre o tema são primordiais, porque em causa está a sobrevivência das pessoas.

Por: Fretson Rocha Rádio Morabeza

Fotografia arquivo de ATS.

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