segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Produção biodinâmica promove a sustentabilidade no semiárido brasileiro. "exemplos a seguir"

 A agricultura biodinâmica é um modelo agrícola de produção que, assim como a agricultura orgânica, não utiliza adubos químicos, venenos herbicidas, sementes transgênicas, antibióticos ou hormônios. Além disso, seus impactos são bastante visíveis para a sustentabilidade ambiental.

As práticas adotadas nessa atividade são destinadas a restaurar, manter e melhorar o equilíbrio ecológico e a diversificação de culturas. Nesse contexto, as propriedades rurais são verdadeiros “organismos vivos”.

Um dos casos de sucesso no setor é o da Fazenda Tamanduá, situada em Santa Terezinha, na Paraíba. O trabalho desenvolvido por seu fundador, Pierre Landolt, é considerado um diferencial em termos de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), de parcerias com entidades de ensino e de valorização cultural.

Segundo Landolt, com a agricultura biodinâmica, a renda média na região onde está localizada sua fazenda, cresceu 503% nos últimos dez anos, um aumento acima ao de outros municípios do entorno. O empresário participou, nesta terça-feira, ao lado de convidados, da videoconferência “Impacto da Fazenda Tamanduá, produtora biodinâmica, na sustentabilidade do semiárido”.

Coordenado pela diretora da SNA, Sylvia Wachsner, o encontro foi organizado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) e Faculdade de Ciências Agroambientais (Fagram).

Atividades

Na ocasião, Landolt falou sobre o problema da seca no semiárido e da importância do uso da tecnologia para combater o clima adverso e aumentar a produção. “Aproveitamos a água da chuva para a agricultura irrigada, usando a menor quantidade possível. Com o processo de magnetização, tratamos as águas salobras para que possam ser utilizadas”, disse o produtor, que também é membro titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA.

A Fazenda Tamanduá é considerada a maior exportadora de melão biodinâmico do País, e também comercializa manga (in natura e em polpa).

Na pecuária, a criação de caprinos e gado leiteiro recebe a chancela do selo Arte, certificação concedida pelo Ministério da Agricultura que permite a comercialização de produtos artesanais de origem animal. “A certificação biodinâmica abre mercados”, destacou Landolt.

Ao mesmo tempo, a empresa desenvolve um trabalho de proteção da fauna local. Uma parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) permite ainda que a fazenda seja usada como local de soltura de animais selvagens.

A produção de um tipo de microalga conhecida como spirulina é outro exemplo de inovação na fazenda. Fonte de proteínas, minerais, vitaminas do complexo B, ferro e antioxidantes, o microrganismo é capaz de prevenir doenças, auxiliar no tratamento do diabetes e pode ser utilizado como alimento para seres humanos e animais.

Ensino

Na área de promoção do conhecimento, Landolt afirmou que sua meta é capacitar, por ensino a distância, produtores e agricultores interessados em agricultura biodinâmica. “Mais importante que o ensino da teoria, é a prática da sustentabilidade, pois é isso que vai levar os alimentos para a mesa do consumidor”, disse.

Theonys Diógenes Freitas, professor do Centro Universitário Unifip de Patos (PB), destacou que “a formação de profissionais que possam contribuir de forma efetiva e diferenciada com o bioma do semiárido” é um fator fundamental.

“Precisamos de profissionais que estejam preocupados com o meio ambiente, com a agricultura familiar e com a pecuária”. Segundo o docente, falta apoio técnico para a capacitação.

Nesse sentido, Freitas elaborou uma proposta para a implementação de arranjos produtivos locais, ligados às práticas orgânicas e biodinâmicas. A ideia é inserir as pequenas comunidades locais nas atividades de produção, garantindo sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico e cultural da região.

Residência artística

Aliás, a cultura é outro aspecto que, no caso da Fazenda Tamanduá,  está agregado ao conceito ESG. A coreógrafa Maria Eugenia “Tita” Nóbrega, pesquisadora da cultura popular, desenvolve um projeto de residência artística no local, onde o público vivencia variadas formas de arte, com aulas, debates e reflexões.

Entre diversas atividades, violeiros e cantadores ensinam os jovens e preservar a cultura da região. “O objetivo é compartilhar com as pessoas a cultura e as tradições do sertão”, explicou Tita. A iniciativa deverá ganhar destaque, em breve, como tema central de um filme, onde será mostrado todo o trabalho desenvolvido pela coreógrafa no semiárido.

Fonte: CI Orgânicos


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