quinta-feira, 2 de março de 2023

Pescadores artesanais denunciam aumento de pesca ilegal e relatam “enormes prejuízos” noticiou a VOA no dia 27 do mês findo.

Ministro das Pescas, Orlando Mendes Viegas, relativiza a situação e diz que o Governo tem tomado medidas.


Pescadores artesanais na Guiné-Bissau denunciam o aumento da pesca ilegal nas águas territoriais do país e relatam “enormes prejuízos”.

Entretanto, o ministro das Pescas, Orlando Mendes Viegas, relativiza a situação e garante que o Governo tem feito o que pode.

Em entrevista a VOA o Presidente da Associação Nacional dos Profissionais da Pesca Artesanal, Abulai Lenin, diz haver muitos acampamentos clandestinos fora do controlo do Estado.

"Os peixes fumados, por exemplo, são exportados para Guiné Conacri. Estes factos não constam dos dados estatísticos. Aliás, a própria fiscalização não tem sido eficiente", afirma Lenin.

Dados do Ministério das Pescas, citados pela Rede de Jornalistas sobre Mercado e Economia Ilícita, indicam que o sector pesqueiro emprega directamente 6 mil e 134 pessoas e indiretamente 26 mil guineenses.

Mas, “os países vizinhos, sobretudo o Senegal e a Guiné Conacri, assim como os da União Europeia, beneficiam mais dos recursos pesqueiros da Guiné-Bissau por via da pesca ilegal ou mediante acordos bilaterais”, afirmam os profissionais da pesca artesanal.

Abulai Lenin, acrescenta que "muitas vezes aqui, na nossa costa, nomeadamente em Unhucum, João Vieira e Varela, os barcos de pesca industrial violam o espaço de 12 milhas, arrastam e destroem as nossas redes, justamente nas zonas onde são proibidos de pescar".

Cacheu, no norte da Guiné-Bissau, é igualmente apontada como uma das zonas mais afectadas pela pesca ilegal.

Luís Fofana, antigo delegado das pescas na região de Cacheu, actualmente colocado no sul do país, revela que os pescadores senegaleses e ganeses são os maiores infractores.

"As nacionalidades que mais pescam na nossa costa, nesta zona de Cacheu, são os senegaleses e os ganeses. Os senegaleses são maioritários, contudo, os ganeses usam canoas de grande porte, capturando peixes em extinção e que foram proibidos pelo nosso Estado".

Ante esta cenário, Fofana destaca a falta de meios para combater a pesca ilegal.

"Nós não temos meios de fiscalização. Os senegaleses sabem disso, por isso entram e saem das nossas águas quando bem entenderem. Uma delegação sem bote rápida de fiscalização, não há como combater a prática da pesca ilegal nesta zona", lamenta aquele responsável.

Contactado pela VOA, o ministro das Pescas afirma que o Governo está ciente da realidade e que tem feito tudo para superar a situação.

"Temos grandes dificuldades neste aspecto, mas temos uma Comissão Sub-regional das Pescas e em conjunto tentamos sempre fazer na medida do possível. O aumento ou não [da pirataria] depende da informação que cada um tem. Nós temos registos das apreensões constantes e das abordagens que são feitas", disse Orlando Mendes Viegas, quem assegurou que "o Governo tem empenhado no combate à pesca ilegal".

Recorde-se que a Guiné-Bissau tem uma grande extensão de costa.

IN VOA

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