sábado, 29 de abril de 2023

Conteúdo da carta posicionamento do Quadro de Concertação e Parcerias Nacionais Sobre Transição Agroecológica na Guiné-Bissau obtido no encontro de Bissau nos dias 4 e 5 de Abril 2023.

CARTA DE POSICIONAMENTO DO QUADRO DE CONCERTAÇÃO NACIONAL


Aos, quatro e cinco dias do mês de Abril, de dois mil e vinte e três, decorreu em Bissau na sala de reunião da Direção de Serviço da Proteção Vegetal (DSPV) do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural, o 1º encontro Nacional do Quadro de Concertação e Parcerias sobre Transição Agroecológica na Guiné-Bissau.

O encontro teve como objectivo, reflectir e analisar os principais desafios que dificultam o sistema de Produção Agro-ecológica, na Agricultura Rural, Urbana e Periurbana no País.

Durante os dois dias do encontro, os participantes vindos de diferentes Regiões do Pais (Agricultores, Organizações de Sociedade Civil, Pesquisadores, Engenheiros Agrónomos, Professores Universitários, Centros de formação em agro-ecologia, Jornalistas, Sociólogos, etc.), debruçaram-se e discutiram intensamente sobre as duas problemáticas:

1.      Impactos de Construções das Habitações e outras Infraestruturas nas Zonas Húmidas;

2.      Uso Correto dos Agrotóxicos e Fertilizantes (Sintéticos) na Produção Agroecológica.

Na Abertura solene da sessão, o Presidente de Bureau Nacional do Quando de Concertação falou sobre a importância da Agroecologia nos 15 países da CEDEAO, apelando um forte engajamento das Autoridades Nacionais no apoio e divulgação das boas práticas sustentáveis para contribuir na luta contra as alterações climáticas, ocupação de zonas húmidas, poluições e favorecer a prática de agricultura sustentável, proteção de meio ambiente e biodiversidade. Em seguida o Correspondente Nacional do Programa da CEDEAO depois da sua locução focalizada no conceito, desafios e princípios de Agroecologia, deu por aberto o encontro.

Depois de apresentação e validação do Programa de trabalho foi apresentado o 1º tema: Impactos de Construções de Habitações e outras Infraestruturas nas Zonas Húmidas, pelo Diretor Geral de Ordenamento Territorial de Ministério das Obras Públicas, que fez um enquadramento e Conceitualização do Tema, orientado nos Instrumentos de Gestão Territorial, Zonagem, Indicadores de Análise Espacial, Avaliação Ambiental e Estratégica, Abordagem em AAE, Enquadramento Jurídico, Tipologia do Solo e de Obras de Construção, Construções nas Zonas Húmidas: Efeitos /impacto Social, ambiental & Econômico, Impacto Ambiental Direto e Indireto e, Consumo de Recursos Naturais.

Após a sua apresentação, houve tempo para debates interativos a volta do tema, e concluiu-se o seguinte:

  1. ü  O Governo é o principal responsável pela fraca aplicação das políticas públicas ligadas às Construções nas zonas húmidas;
  2. ü  Fraca sinergia Institucional entre os diferentes Ministérios e instituições do Estado e Governo na aplicação das Leis;
  3. ü  Desaparecimento de Zonas Húmidas em detrimento de venda e construções de habitações, armazéns e bombas de combustível, etc.;
  4. ü  Pouco conhecimento do conceito de Agroecologia e as boas pratica, pelos agricultores e a sociedade em geral;
  5. ü  Não existem Leis ou Políticas Públicas a favor de Agroecologia na Guiné-Bissau, embora o Governo através do Ministério de Agricultura tenha assinado um Memorando com a CEDEAO no dia 19 de setembro de 2021, para a implementação do Programa.

No segundo dia de trabalho (5 de Abril de 2023), a Directora dos Serviços de Protecção Vegetal do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural apresentou o tema: Uso Correcto dos Agro-tóxicos  e Fertilizantes Sintéticos na Produção Agro-ecológica, em que focalizou a sua apresentação nos seguintes aspectos:

1.      Fertilizantes Orgânicos

  1. Fertilizantes Inorgânicos/ou Minerais
  2. Fertilizantes Organominerais.
  3. Riscos de uso de Fertilizantes Químicos na Agricultura e no Meio Ambiente
  4. Pesticidas e Principais Vias de Contaminação

A plicação Incorrecta de Pesticidas:

ü  Provoca a contaminação da água, o solo, causando a morte de plantas e animais;

ü  Efeitos agudos e crónicos na saúde humana;

ü  Reflecte directamente na saúde do aplicador assim como na do consumidor;

Precaução:

o   Equipamentos de protecção individual (EPI);

o   Alternativa para reduzir uso de pesticidas;

o   Métodos de protecção integrada;

o   Agentes de controlo biológico das pragas;

o   Plantas repelentes e plantas armadilha;

Após o debate sobre a apresentação da Directora dos Serviços de Protecção Vegetal do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural, chegou-se a conclusão de que :

  • Fraco conhecimento na matéria de maneio de fertilizantes e pesticidas;
  • Pouca informação sobre o assunto em causa, tanto dos aplicadores assim como dos consumidores;
  • A não responsabilização da estrutura do governo responsável pela gestão e protecção vegetal, a comercialização descontrolada dos pesticidas e fertilizantes;

 

RECOMENDAÇÕES:

Sobre os Impactos de Contruções nas Zonas Húmidas

Considerando que os Impactos de Construções nas zonas húmidas são fenómenos bastante preocupantes e desestabilizadores do Ambiente e dos ecossistemas, recomendou-se ao Governo da Guiné-Bissau o seguinte:

1.      Introduzir no Curriculum Escolar o Conceito da Agro-ecologia na Educação Ambiental ou retomar a disciplina do Trabalho Produtivo nas escolas do País.

2.      Que o Governo respeite e faça respeitar as leis ou as politicas publicas ligadas as :

ü  Área Rural (actividades fundiárias, agricultura, silvicultura, floresta, pesca, pecuaria, etc.);

ü  Áreas Urbanas ;

ü  Área aedificandi (edificação urbana, equipamentos sociais, verde ou lazer)

ü  Área non aedificandi (zonas humidas);

ü  Áreas de Uso Comum ;

ü  Áreas de Ocupação Especial;

ü  Zonas Admnistrativas, Industrial, Comercial, Habitacional, Verde;

ü  Sistema viário.

3.      Que os membros do Quadro de Concertação organizam sessões de formações e sensibilizações juntos aos agricultores sobre aplicação de boas práticas agro-ecológicas nas zonas da intervenção.

4.      Que o Quadro de Concertação organize debates rádios e televisão sobre agro-ecologia consumo de alimentação saudável, nutricional e incentivar a comercialização dos produtos agro-ecológicos.

5.      Que o Quadro de Concertação com apoio do Governo organize actividades Lúdico cultural de sensibilizações de grande público nas Regiões do País. Sobre agro-ecologia.

Sobre Uso Correcto de Agrotóxicos e Fertilizantes na Produção Agro-ecológica

6.      Uma coordenação integrada entre Ministérios da Agricultura, Comércio, Saúde, Finanças (Alfândegas) e do Interior;

7.       Controlo de entradas e r+esponsabilização das vendas dos fertilizantes e pesticidas;

8.      Sensibilizar/vulgarizar boas práticas agro-ecológicas aos agricultores e a população em geral sobre o perigo da utilização incorrecta dos agro-tóxicos e o que pode causar a nível saúde e no meio ambiente;

9.      Criar centros de controlo, distribuição/venda de Adubos e pesticidas; actualizar o inventário dos pesticidas existentes a nível nacional,

10.  Divulgação e aplicabilidade da lista homologada dos pesticidas no espaço de CILSS/COAHP;

11.  Criar um serviço de controlo de qualidade de produtos agrícola;

12.  Dinamizar o serviço de controlo fitossanitário (Quarentena vegetal);

13.  Actualização das legislações das políticas públicas sobre a protecção vegetal

 

Se Cuidarmos da terra, a terra cuidará de nós! 

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